CORREIO DA BAHIA: É difícil uma banda com 15 anos de carreira olhar para seu passado fonográfico e não achar que alguma coisa ficou meio datada ou, então, não teve o resultado esperado. Ao remasterizar os oito álbuns, você sentiu que alguns deles soam datados hoje?
CORREIO DA BAHIA: Eu gosto muito de Severino, mas foi o trabalho de menor repercussão da banda. Quatro anos depois, qual a avaliação que você faz daquele momento?
CORREIO DA BAHIA: Nas nossas conversas naquela época, entre 93 e 94, eu sentia em você uma necessidade de fazer letras mais elaboradas, uma necessidade de ser visto como um grande letrista. Era isso mesmo?
CORREIO DA BAHIA: E Selvagem? Eu tenho amigos que, na época, deixaram de gostar da banda, falavam que os Paralamas tinham abandonado o rock.
CORREIO DA BAHIA: E o próximo álbum dos Paralamas vai seguir a bem-sucedida linha pop atual ou teremos novos sustos?
CORREIO DA BAHIA: E o seu segundo disco-solo, que você gravou o ano passado nos Estados Unidos? Quando irá lançá-lo?
CORREIO DA BAHIA: Que história é essa do seu nervosismo ao participar da gravação do MTV acústico de Gal Costa, recentemente?
HV: A única coisa que nos desagrada, de certa forma, é Cinema Mudo. Por Ter sido o primeiro disco e pela nossa inexperiência, sofremos interferências da gravadora, como aqueles corinhos feitos pelos Golden Boys, por exemplo, que hoje nós achamos horroroso. Em O Passo do Lui já foi diferente e não tivemos nem músicos adicionais - era só o trio, como queríamos desde o início.
HV: Eu também adoro. Eu acho que nós fomos corajosos, afinal, era a virada da década, quando achavam que a geração rock-80 estava liquidada, sem falar que a economia brasileira estava atravessando um péssimo momento. E nós viemos com Severino, algo sofisticado e experimental. Agora, de vez em quando a gente precisa fazer algo assim, bem cabeludo, algo que nos impulsione para a frente, que não nos dê descanso. Inclusive, estamos sentindo necessidade de fazer um Severino e novo (risos).
HV: Eu nunca tive essa necessidade. As letras sempre dependeram do momento. Às vezes você está descalço, com uma folha na orelha e a coisa sai simples e direta. Outras vezes, você está num turbilhão de sentimentos e idéias e vem aquele vômito verborrágico. Vômito verborrágico é necessário, também. Eu oscilo entre uma coisa e outra.
HV: É um disco que ainda assusta. A própria gravadora nos olhou com desconfiança e até hoje tem gente que chega e diz: quando é que vocês vão voltar a fazer rock?
HV: Primeiro, vamos tirar férias de dois meses (janeiro e fevereiro) em 98, pela primeira vez em 15 anos de carreira. Depois, vamos gravar. Estamos pensando em algo meio caseiro, já que o João agora também está com um estúdio em casa. Vamos Ter o mínimo possível de reggae no sentido clássico, já que o reggae se popularizou demais no Brasil. Aquele naipe de metais, por exemplo, virou algo bastardo - todo mundo usa. Vamos ir mais para o lado do rock e das coisas acústicas.
HV: Sai em Setembro. Eu gravei em um dia e meio apenas, em julho de 96, com a ajuda de Gary Napier, engenheiro de som de Neil Young. É algo bem escasso, bem simples. Vai se chamar Santorini Blues: Santorini é uma ilha da Grécia, país pelo qual sempre fui fascinado. Fiquei maravilhado quando entrei no Mar Egeu com meus filhos.
HV: Cara, minha mão tremia na hora de tocar a Lanterna dos Afogados. Mas, no final, a combinação da minha voz com a dela, que é maravilhosa, ficou boa. Aliás, a Gal é demais - fiquei com o maior tesão nela. Já falei com a Lucy para ela tomar cuidado (risos).