Revista Capricho
L� pelos idos de 1982
Herbert e Bi Ribeiro, o baixista, tinham 22 anos. Se conheciam de Bras�lia, onde a Legi�o j� era uma refer�ncia. Rec�m-chegados ao Rio, conheceram Jo�o Barone, 21. "�ramos amigos que brincavam de tocar nos finais de semana", lembra o baterista.
Herbert atravessa: "Quando come�amos a ensaiar com o Jo�o, vimos que dava para tocar a s�rio". Em termos. O pequeno cartaz divulgando o primeiro show oficial da banda anunciava: "Western Club vergonhosamente apresenta Os Paralamas do Sucesso. Rock". "Teve uma noite que o Bi usou p�-de-pato e m�scara de mergulho", Herbert se diverte.
Com o dinheiro da temporada inaugural, os tais Paralamas gravaram uma fita e mandaram as m�sicas para a r�dio Fluminense, plataforma de lan�amento do que, alguns anos mais tarde, se convencionaria chamar Rock Brasileiro. Cinema Mudo viria quase um ano depois. "Esse disco n�o representa exatamente o que a gente gostaria de ter feito", diz Barone. "S� a partir do seguinte, O Passo do Lui, come�amos a ditar o ritmo, tipo 'Olha, a gente quer fazer um disco desse jeito, sen�o vamos voltar para a universidade, criar galinhas, fazer qualquer outra coisa'.
A� tudo come�ou a ficar mais interessante."
Ao mesmo tempo
Quando a turn� de Hey Na Na come�ou a explodir pa�s afora, Foi f�cil comprender o que Herbert quis dizer, tr�s par�grafos atr�s, com "Melhor agora do que antes". No lan�amento do disco,no Rio, Herbert, Bi e Barone deram uma pequena mostra do que s�o capazes, ao vivo. A m�sica puxava a plat�ia pelo cabelo. Sobrava energia mesmo ao fim de um dia cheio.
Os Paralamas n�o s�o mais apenas uma banda. S�o v�rias. Herbert e a mulher, Lucy, t�m uma casa em constru��o e dois filhos � Hope Izabel, 2 anos, e Luca, 5 anos e meio. Barone tem tr�s meninas � Laura, 5, e Clara, 7, do seu primeiro casamento, e Branca, 12, do primeiro casamento da mulher, a atriz Katia Bronstein. E Bi... Bom, o Bi... "Se vier ser� bem-vindo, mas nunca foi um objetivo", ele cofia a barba que j� n�o existe mais. "Costumo dizer para o Bi: voc�, que gosta da vida selvagem, tenha filhos", brinca Barone.



"�s seis, seis e quinze, as crian�as est�o acordando, t�m que se vestir, ir para a escola. E voc� quer participar", Herbert � s�rio. "� dif�cil. � preciso flexibilidade do lado da fam�lia e muito empenho do seu para n�o cair na armadilha 'Me respeite, porque agora estou cansado'." E d� voz � mulher: "'Respeito nada. Vai trocar o saco de lixo, ajudar a fazer o dever de casa'. Voc� tem que fazer tudo ao mesmo tempo. Eu acordo automaticamente na hora em que as crian�as acordam. E vou tocar na hora em que normalmente j� estou dormindo. O palco tem esse milagre. Voc� sobe, come�a a tocar."

Mas o fato de ser um Paralama tamb�m tem suas vantagens. "Como somos nossos pr�prios patr�es, podemos determinar longos per�odos em que n�o vamos tocar", Herbert explica. "A� voc� pode viajar, proporcionar � fam�lia momentos de qualidade que acabam por compensar."
As bandas de rock � e afins � t�m o dom da renova��o dos f�s. Os Paralamas ent�o... "� engra�ado como muda o eixo", Barone se diverte com a teoria. "Quando a gente come�ou, nossos pais resistiram � id�ia, mas acabaram virando nossos maiores f�s. Agora � a vez das crian�as." As crian�as s�o as filhas Laura e Clara e a enteada Branca � 5, 7 e 12 anos. "Elas se divertem."
"A pequeninha n�o tem a menor id�ia do qu�o diferente � o trabalho do pai em rela��o ao trabalho dos outros pais", Herbert explica. "Mas o Luca, que tem 5 anos e meio, est� come�ando a compreender. Eu s� percebi recentemente. Fui levar o menino � escola e as crian�as mais velhas come�aram a falar 'Olha l� o cara dos Paralamas'. A� eu vi o Luca virar para um amigo da idade dele: 'Todo mundo quer falar com o meu pai porque ele � dos Paralamas'. At� ali eu n�o tinha atinado que ele percebia que existe algo diferente."
Texto e fotos retirados da revistaCAPRICHO
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